ERA UMA VEZ O CINEMA


Sindicato de Ladrões (1954)

cover Sindicato de Ladrões

link to Sindicato de Ladrões on IMDb

País: USA, 108 minutos

Titulo Original: On the Waterfront

Diretor(s): Elia Kazan

Gênero(s): Crime, Drama, Suspense

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
star star star star star star star star star star
8.1/10 (137649 votos)

DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA

PRÊMIOS star star star star star

Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, EUA

Oscar de Melhor Fotografia

Oscar de Melhor Direção de Arte (Richard Day)

Oscar de Melhor Filme

Oscar de Melhor Direção (Elia Kazan)

Oscar de Melhor Ator (Marlon Brando)

Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante (Eva Marie Saint)

Oscar de Melhor Edição

Oscar de Melhor Roteiro

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra

Prêmio de Melhor Ator Estrangeiro (Marlon Brando)

Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York, EUA

Prêmio de Melhor Filme

Prêmio de Melhor Direção (Elia Kazan)

Prêmio de Melhor Ator (Marlon Brando)

Festival Internacional de Veneza, Itália

Prêmio Leão de Prata de Melhor Direção (Elia Kazan)

Prêmio dos Críticos Italianos de Cinema (Elia Kazan)

Prêmio OCIC (Elia Kazan)

Prêmios Globo de Ouro, EUA

Prêmio de Melhor Filme - Drama

Prêmio de Melhor Direção (Elia Kazan)

Prêmio de Melhor Ator em um Drama (Marlon Brando)

Prêmio de Melhor Fotografia

Prêmios Bodil - Copenhague, Dinamarca

Bodil de Melhor Filme Americano

Grêmio dos Diretores da América

Prêmio por Direção Excepcional (Elia Kazan)

Grêmio dos Roteiristas da América

Prêmio de Melhor Roteiro de um Drama Americano (Budd Schulberg)

Prêmios Bambi, Alemanha

Prtêmio de Melhor Filme Internacional

Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema, Itália

Prêmio Fita de Prata de Melhor Filme Estrangeiro (Elia Kazan)

Sinopse: No longa, Marlon Brando, numa atuação brilhante, interpreta Terry Malloy, um boxeador fracassado, que trabalha de estivador no porto e colabora com os negócios obscuros do chefe do sindicato dos portuários, Johnny “Camarada” (Lee J. Cobb). Terry participa involuntariamente do assassinato de um estivador, que tinha tentado denunciar o lucrativo esquema que domina o porto. O jovem passa a ser atormentado por sua consciência, à medida que passa ter a compreensão do quão sujos são os negócios de seu sindicato, nos quais também está indiretamente metido.

Edie Doyle (Eva Marie Saint), irmã do homem que fora morto, não se conforma com a perda do irmão e acaba por convencer o padre local (Karl Malden) a sair de sua inércia e organizar um movimento para unir os trabalhadores em prol de melhores condições de trabalho e contra os mandos e desmandos do sindicato corrompido. As represálias se intensificam no intuito de manter os portuários silenciados.

A relação que começa a se desenvolver entre Terry e Edie, depois que eles se conhecem, intensifica o dilema que ele está vivendo. Se por um lado ele reconhece as injustiças que vigoram no lugar, por outro ele teme ter que prejudicar o “trabalho” lucrativo de seus amigos e de seu irmão mais velho, Charley (Rod Steiger), braço direito de Johnny “Camarada”, que foi seu único amparo enquanto vivia em um orfanato na infância.

O embate ético no qual o personagem se mergulha não é simples, uma vez que a moral que vigora naquele local é instável e totalmente deturpada, a noção de certo e errado parece estar às avessas. A sua falta de expectativas com relação à própria vida o torna ainda mais inseguro e temeroso quanto a decisão de se levantar contra os poderosos que detêm o controle de tudo que acontece no porto. Numa das cenas ele deixa bem claro para a idealista Edie, que seu único objetivo é sobreviver, o que por si só já seria uma tarefa árdua, levando-se em conta suas condições de vida.

Durante o filme, algo me chamou a atenção, o quanto a atuação de Marlon Brando, construída sobre os preceitos do método de Stanislavsky (que Lee Strasberg adaptou para o cinema), me faz lembrar o estilo adotado por Leonardo Di Caprio (que com certeza deve tê-lo como inspiração) nos dias de hoje. Após este ligeiro devaneio, ainda assistindo ao filme, comecei a traçar um paralelo entre Sindicato de Ladrões e Diamante de Sangue (2007), que tem uma das melhores atuações de Di Caprio, na minha opinião.

Ambos têm como personagens principais homens que foram embrutecidos pela vida árdua e pelo contexto em que estão inseridos, em ambos o dilema ético é impulsionado pela presença de uma mulher idealista, que leva o protagonista a rever seus pontos de vistas e tomar a atitude que o levaria a redenção. Apesar da diferença de quase 50 anos entre os dois longas, a similaridade é impressionante e a tônica da luta pela justiça social, que impulsiona as duas tramas, tem o poder de nos levar à reflexão, sem que seja purgado em nós o anseio pela transformação, tal anseio é alimentado pelas histórias, que nos convidam a repensar nosso próprio comodismo.

Sindicato de Ladrões é impressionante, principalmente, pelas atuações estupendas de Marlon, Eva, Karl e de todo o elenco secundário, que dão o brilhantismo, o suporte emocional e a dramaticidade necessária para que cada sequência do filme seja em si, ao mesmo, tempo natural, instigante e detentora da indescritível capacidade de nos oferecer algo que vai muito além do entretenimento característico de Hollywood.

O filme também é de um realismo social chocante e isto se expressa nos figurinos e nos cenários por onde os personagens transitam. A decisão audaciosa de levar os sets de gravação para as ruas e para o porto de Nova Iorque em um inverno gelado foi acertada e contou muito para o resultado final. A fotografia também é muito bem trabalhada, preste atenção na forma com que a luminosidade é trabalhada na icônica cena do diálogo entre Terry e seu irmão, que se passa no banco traseiro de um táxi.

A cena em que o personagem de Marlon caminha pelo cais após ter sido brutalmente espancado é emblemática e de um poder sobrenatural, que conseguiu ultrapassar até mesmo o contexto histórico conturbado que a deu o sentido original. No caso deste filme, vale a premissa, defendida por Oscar Wild através de seu alter ego em O Retrato de Dorian Gray, a de que o que deve ser exposto é a obra e não o artista.

Se Kazan foi ou não um crápula de um delator não interessa, o que importa é que Sindicato dos Ladrões é uma produção que transcende a biografia de seu diretor e que viria se tornar um dos maiores clássicos do cinema americano. É uma obra que de forma nenhuma deve ser renegada por quem se diz amante da sétima arte!

 

Elenco: